Com o parceiro Pedro Rogério, numa das visitas que nos fez em Portugal (out. 2018). (Foto: Ana Ruth)
Pedro Rogério é mais que um parceiro. É um amigo de longa data. Estivemos juntos algumas vezes no programa Musicultura, que ele conduz desde 2011 na Rádio Universitária FM 107.9, em Fortaleza. E, durante seis meses, se não me engano em 2005, trabalhou comigo na realização de projeto beneficente no município cearense de Caucaia: um curso para formar jovens radialistas da periferia, tendo como ponto de partida a manutenção de uma rádio comunitária. Não por acaso, o nome da entidade que executou o projeto - Unidade Beneficente Coração de Maria -, à qual estávamos então associados, tem relação direta com Salve Rainha, a música com que estreamos a nossa parceria musical 13 anos depois, do outro lado do Oceano Atlântico.
Já apresentamos Pedro Rogério aqui no blog, por ocasião do texto Odisseia musical, que escreveu em julho de 2020. Portanto, vamos direto à história (no minuto 12:34 do vídeo) de como nasceu a canção - um maracatu cearense ainda sem distribuição digital, que foi a público pela primeira vez na série Dentro do Som, no site do Cineteatro São Luiz. Mais exatamente no show Cores do Coração - retransmitido na TV Ceará -, em que Pedro dividiu o palco com o pai Rodger Rogério e o violonista Eduardo 'Dudu' Holanda.
(Aliás, na apresentação é contado como surgiu a música Chão Sagrado, parceria de Rodger Rogério e Belchior surgida a partir de uma conversa com Paulo Vanzolini.)
Leia, a seguir, Pedro Rogério narrando a origem da nossa composição Salve Rainha.
"NOS ARREDORES DE MADRID, FORMAMOS UM CORO DE APROXIMADAMENTE 20 VOZES"
"Sempre tive o desejo de passar um ano fora do Brasil. Já sabia que de longe poderia me aproximar das coisas mais importantes da minha terra. Eu, Cris (minha esposa) e Sarinha (nossa filha) nos planejamos, inspiramos o fôlego da coragem e fomos para a Espanha. Eu realizando um pós-doutorado e Cris realizando um doutorado sanduíche – ambos na Universidad de Valladolid. Também já buscávamos o ganho de falar uma nova língua e proporcionar essa experiência para a pequena.
Mas, uma das coisas mais interessantes da viagem é se deixar surpreender pelo não planejado, pelo inusitado que o novo revela no decorrer dos dias.
Sabendo da presença do Tiago Araripe em terras lusitanas, logo marcamos de nos encontrar. Nesse período devo ter me hospedado em sua casa e de Ana Ruth umas três ou quatro vezes... ou cinco... E tivemos a alegria recebê-los nas terras de Don Quixote para bons passeios, com longas e boas conversas.
Eis que, em um desses frutíferos diálogos, dessa feita mais musical, mostrando algumas de minhas composições para Tiago, ele me presenteia com um olhar e fala generosos afirmando: 'Pedro, você deveria investir mais na sua veia de compositor'. Sabe aquela fala que encaixa na cabeça e no coração? Pois é... gravou e fiquei com aquela fala rodando na minha cabeça.
Alguns dias depois, brincando de fazer música, desenvolvi uma sequência de acordes e melodia, com duas partes (na música chamamos de parte A e parte B) que, a princípio, me agradou. Lembrando do conselho de Tiago, pensei: “Já que ele me animou para a composição, vou mostrar pra ele”. E assim, despretensiosamente, o enviei por mensagem de celular. Era dia 07 de dezembro de 2018. Eu estava hospedado na casa de uma amiga em comum, na Espanha, Carmen Luzardo – uma senhora que traz consigo o aconchego materno pra quem se achega perto dela.
Na madrugada do dia 7 para o dia 8, chegam algumas mensagens do Tiago com uma letra para a melodia, enriquecida de uma terceira parte melódica (parte C), onde a música cresce e aviva os sentidos de quem frui a melodia.
Normalmente, não acordo com mensagens de celular de madrugada. Mas, nesse dia, coincidência ou não, acordei. Ouvi, li e me emocionei. Tratava-se de uma ode à Nossa Senhora. Justamente no dia 8 de dezembro, dia de Nuestra Señora de La Concepción, dia de Nossa Senhora Aparecida.
A música veio dentro de uma inspiração tão impressionante que, nesse mesmo dia à noite, em uma reunião em homenagem à Mãe Santíssima, nos arredores de Madrid, formamos um coro de aproximadamente 20 vozes e já estávamos cantando em uma frequência transcendental a melodia que veio nos trilhos de um maracatu cearense. Assim, nasceu nossa parceria Salve Rainha.
A música já ganhou três registros: um na voz de Téti com arranjos de Rogério Franco, um segundo na voz de Izaias Luciano e um terceiro gravei com o luxuoso acompanhamento e arranjos de Alan Kardec.
Salve Nuestra Señora de la Concepción!
Salve Nossa Senhora!
Salve Rainha!"
Pedro Rogério
SALVE RAINHA (veja no minuto 01:01:08 deste vídeo)
(Pedro Rogério - Tiago Araripe)
Salve
Salve Tua graça
Que tem a força
De me acalmar
Salve
Salve Rainha
Rainha do meu cantar
Teu coração
Pedra preciosa
Acende meu coração
As tuas mãos
Tão amorosas
Seguram as minhas mãos
Salve
Sempre serena
Me guia
Por onde vou
Salve
Mãe soberana
Senhora
Mãe do Amor
Teu coração
Pedra preciosa
Acende meu coração
As tuas mãos
Tão amorosas
Seguram as minhas mãos
Que o Teu céu
Cheio de estrelas
Pelas janelas
Possa entrar
E encher de vida
As nossas telas
Com as cores
Do alto mar
Salve
Salve Rainha
Cantemos no mesmo tom
Salve
Mãe Gloriosa
Inmaculada Concepción.
O QUE VEM POR AÍ
NESTA QUINTA, 11/02
Às 19h, horário de Brasília, acompanhe pelo canal do Festival Jazz & Blues.
DIA 03/03
Instante luminoso de Luiza Nobel no palco do Teatro São José, em Fortaleza.
Classificada em 2o. lugar no Festival da Música de Fortaleza 2020, nossa canção Lugar ao Sol será lançada como single no próximo dia 3 de março, nas plataformas digitais. Na gravação, divido os vocais com Vânia Bastos, uma das mais belas vozes do movimento chamado, à época, vanguarda paulista, cenário do nosso primeiro álbum, Cabelos de Sansão. A música, com produção musical de Pablo Romeu, é carro-chefe do nosso novo álbum, com previsão de lançamento para agosto.
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