Luiza Nobel, um dos nomes mais promissores da nova cena musical de Fortaleza. (Foto de divulgação)
O Brasil já foi pródigo em grandes festivais de música que, a partir da década de 1960, contribuíram para o boom da MPB e projetaram talentos como Tom Jobim, Edu Lobo, Vinicius de Moraes, Elis Regina, Geraldo Vandré, Jair Rodrigues, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Nara Leão e muitos outros.
No Festival Abertura, da Rede Globo, vivi momento dos mais marcantes interpretando Drácula, tango que compus com letra de Décio Pignatari. Mas sobre isso já escrevi aqui no blog.
Mais tarde, integrando a banda Papa Poluição no último festival da TV Tupi (1979), defendemos O Grande Circo Universal, de Luis Guedes, Thomas Roth, Paulo Flexa e Crispin del Cistia (a música seria gravada depois pela banda Placa Luminosa). Por sinal, o primeiro lugar do festival foi conquistado pela bela canção Quem me levará sou eu, de Dominguinhos e Manduka, interpretada com muita garra por Raimundo Fagner.
Em outra oportunidade, atendendo a convite de Jorge Alfredo (vizinho de Vila Madalena e parceiro em Coração Cometa, faixa de abertura de Cabelos de Sansão), senti o Maracanãzinho tremer ao me ver frente à numerosa plateia do Festival dos Festivais, da Rede Globo. Eu era, então, uma das vozes do coro de Rasta Pé, alegre composição de Jorge Alfredo e Chico Evangelista.
Agora vivo a experiência de concorrer, enquanto compositor, de um festival em pleno período de pandemia - sem plateia e com transmissão direta pela TV Terra do Sol. Todos que estarão no palco, no corpo de jurados e nos bastidores foram submetidos a testes prévios de Covid e usarão as indefectíveis - mas necessárias - máscaras.
Falo do Festival da Música de Fortaleza, que tem início neste 4 de dezembro. Para isso, foram selecionadas 30 composições entre as 563 músicas inscritas por compositores e autores de diversos estados brasileiros.
Não poderei estar presente ao Festival, por motivos sanitários (aos 69 anos, não arrisco me expor ao vírus, sempre que puder evitar). Mas estou tranquilo por ter convidado - por indicação do produtor, letrista e amigo Dalwton Moura* -, a artista Luiza Nobel. Foi uma boa surpresa vê-la e ouvi-la no YouTube, quando me chamou a atenção sua bela voz e a presença marcante que tem no palco.
Então nesta sexta, 4, às 19h (horário de Brasília), você terá a oportunidade de acompanhar a primeira eliminatória do Festival da Música de Fortaleza. A transmissão pode ser vista pela internet, por meio deste link. E vamos torcer pela nossa canção Lugar ao Sol - a terceira música da noite. O arranjo para o evento é do conceituado violonista Tarcísio Sardinha.
Importante dizer que Lugar ao Sol já está gravada e masterizada, com arranjo acústico de Pablo Romeu - em que seu violão de aço faz belo diálogo sonoro com o piano de Daniel Felix. Será a faixa de abertura do meu próximo álbum, já a caminho. Nela, há a participação especial de uma grande cantora de São Paulo, amiga de longa data. Uma surpresa que revelarei nos próximos capítulos.
A música é um toque de esperança aos que, diante da situação do Brasil e do mundo, se deixam abater e pensam - como já pensei um dia - desistir de lutar pelos seus sonhos. Não por acaso, a letra da canção aponta: "Mesmo no breu, há um lugar ao sol que é seu".
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* Dalwton Moura e o parceiro Roberto Menescal foram os grandes vencedores do Festival da Música de Fortaleza 2019, com a Canção para lhe encontrar, interpretada por Marcos Lessa (com quem estou prestes a gravar novíssima parceria).
Lugar ao Sol
Tiago Araripe
Mesmo no breu
Há um lugar ao Sol
Que é seu
Mesmo no caos
Você pode olhar
Pro céu
Se amanheceu
E o céu tá encoberto
É sempre possível sentir
Que está perto de Deus
Mesmo sem vau
Você pode atravessar
O rio
Se está frio
Procure a quem
Dar seu calor
Mesmo na dor
A gente afasta
O vazio
É sempre possível
Sentir a presença do Amor
O Amor, esse oceano
Atlântico, Pacífico
Ou o que for
Amor mediterrâneo
Jamais será cinza
E sim sempre cheio de cor.
ATUALIZAÇÃO
A interpretação marcante de Luiza Nobel na finalíssima garantiu a Lugar ao Sol
o segundo lugar no Festival da Música de Fortaleza 2020. (Foto: Marcus Moura)
Luiza Nobel recebe, das mãos de um dos jurados do Festival, cheque simbólico
pelo segundo lugar obtido por Lugar ao Sol. (Foto: Thiago Martins/Secultfor)
Ainda não recebi o prêmio, mas ele já tem destino certo: será reinvestido em música. Além de repassar a Luiza o percentual que combinamos previamente, adquiri um bom violão acústico (só trouxe a Portugal um eletroacústico, com o qual não me sentia confortável pra tocar no dia a dia). E vou ter aulas semanais de violão com Tahina Rahary, com o pensamento de aprender como harmonizar melhor minhas canções. Assim, reafirmo o propósito de prosseguir na trilha musical, inspirado pelo Sol Maior.
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